A solução para conflitos
- Boa noite. É um prazer cá estar.
- Professor, por onde é que pensa que passa a resolução de todos os conflitos do Mundo?
- Bem. Eu penso que a solução de todos os conflitos passa por aquela estrada ali como quem vai para Aljustrel, sabe? Como quem vem de Lisboa. Antes de chegar à rotunda, vira à sua esquerda e anda uns 100 metros. Há lá uma barraquinha a vender nêsperas, que são bastante deliciosas... Penso que o bem-estar criado pela ingestão dessas nêsperas pode ajudar e bastante à capacidade de raciocínio das pessoas em geral.
- Mas... Eu estava a falar da sua solução política. Não nos quer falar antes dessa solução?
- Ah, essa também é engradaçada. No meu ponto de vista, a solução mais adequada a todos os conflictos passa por se instaurar uma ditadura mundial.
- Uma ditadura mundial?
- Sim, mas repare-se: não seria uma ditadura qualquer como a daquele senhor, o Hitler, pois aquele bigode não enganava ninguém. Seria uma ditadura ao nível do Imperador César, aquele grego...
- Romano.
- Pois, romano. Era o que eu ia dizer.
- Mas não acha que uma ditadura só iria revoltar ainda mais os cidadãos não só de Portugal, mas do resto do mundo, visto ser uma ditadura mundial.
- Tente não pensar dessa maneira pessimista. Por exemplo: você sabe aquelas lutas antigas que se davam entre homens, naqueles circos romanos?
- Sim, sei...
- Sabe quando um homem derrotava outro era o Imperador César que decidia se o lutador vencido era morto, ou ao invés disso, sobrevivia. Com aquele simbolo com a mão que ele levantava o dedo ou baixava conforme a ocasião.
- Sim, mas não percebo como é que essa situação se podia aplicar ao mundo actual.
- Então, uma discussão no tribunal: é inocente, é culpado, é inocente, é culpado. Ninguém se decide. Chama-se o César e ele decide. Dedo para baixo e é culpado. Dedo para cima e é inocente. Outra. Guerra: invade-se um país, não se invade, invade-se, não se invade. Chama-se o César e ele decide. Ainda mais. Iva: aumenta-se, não se aumenta, aumenta-se, não se aumenta. Chama-se, mais uma vez César. Só mais uma para acabar. Um político é bom, não é, é bom, não é. Chama-se o Professor Marcelo Rebelo de Sousa. E isto pode ter muitas mais aplicações.
- Só uma pergunta: você não é realmente o professor Vítor Gonçalves pois não?
- Vítor Gonçalves? Não. Eu sou um gajo de Amieiras. Chamo-me Artur Melro.
- Ah! É que a sua teoria é muito melhor. Muito bem, foi a nossa conversa... Não perca a próxima onde iremos falar sobre o tema: "os cães estarão a ficar mais inteligentes? E se sim, será que um dia vão dominar o Mundo?". Não perca, espero por si... Mas não muito.